Sãosanta é a junção de São Bernardo, Santo André e Agua Santa. Da seleção do Grande ABC no principal campeonato estadual do País apenas dois jogadores não disputarão a quartas de final. Os demais nove titulares vestirão a camisa do São Bernardo e do Água Santa, classificados para enfrentar o Palmeiras e o São Paulo.
O Santo André disparou na primeira metade da competição e depois naufragou. Menos mal que não foi rebaixado.
Anunciei nas redes sociais que divulgaria a seleção do Grande ABC, o Sãosanta, na edição da última segunda-feira. Esperei um pouco. Estava em dúvida e com pouco tempo.
Dúvida no sentido de que poderia alterar o sistema tático e também algumas escolhas individuais. Sem tempo porque o dia a dia está corrido para quem faz série de exames clínicos.
SANTO ANDRÉ SOFRE
Quando anunciei a decisão de escalar a seleção do Grande ABC, o Santo André estava bem melhor na competição, mas o São Bernardo já era a melhor equipe e contava com cinco titulares. Agora são sete. O Santo André ficou com apenas dois titulares e o Água Santa com outros dois. O técnico (Márcio Zanardi) é do São Bernardo, claro.
Pode parecer insensato escalar apenas dois jogadores do Água Santa no Sãosanta, quando também são dois os jogadores do Santo André no Sãosanta. É questão puramente seletiva.
O Água Santa perdeu representante ou representantes nos critérios subjetivos e objetivos de confrontos com jogadores do São Bernardo, equipe de melhor campanha e a sensação da primeira fase.
NÃO PASSARÃO?
Antes de anunciar o Sãosanta, vou dar uma rápida passagem sobre as possibilidades de as duas equipes da região passarem de fase. Não passarão. Mas essa não é uma afirmativa retumbante. É apenas reflexo de intuição baseada na diferença de investimentos e de rendimento na fase classificatória.
O Palmeiras é disparado é melhor time do Brasil neste novo início de temporada. O São Bernardo é espécie de genérico do Palmeiras. Se o jogo fosse no Primeiro de Maio a perspectiva poderia ser diferente. O favoritismo do Palmeiras cairia para 60%. No Alianz Parque, passa dos 80%.
Já o São Paulo tem exatamente 60% de probabilidades de passar pelo Água Santa. Jogasse em Diadema seria pau a pau.
BOM APROVEITAMENTO
As três equipes do Grande ABC terminaram a competição na fase classificatória com 58, 33% de aproveitamento. Disputaram 108 pontos e somaram 63. Bem mais que os 42 pontos da temporada passada. Neste ano, foram 43 gols a favor e 32 contra.
O Santo André encantou tanto quanto decepcionou nas duas metades da competição. Nos primeiros seis jogos somou 10 dos 18 pontos possíveis. No segundo, não passou de quatro. A arrancada foi fundamental.
Já escrevi que o Santo André de parcos recursos orçamentários não tem direito de errar numa competição de tiro curto como é a fase classificatória da Série A-1. Errou, dançou.
COMEÇO ESSENCIAL
O presidente Celso Luiz de Almeida sabe disso e toma todas as providências cabíveis para surpreender nas primeiras rodadas. Se o tiro sair pela culatra por motivos que fogem do controle lógico de organização previa, como já aconteceu, babau.
Água Santa e São Bernardo têm muitos mais recursos financeiros para reduzir a margem de risco.
O São Bernardo é um time de dono, um empresário rico do setor de joias.
O Água Santa é um time de donos do setor de transporte público.
O Santo André é um time associativo que vive com o chapéu na mão.
LOJINHA FECHADA
Essas discrepâncias não podem continuar. O Santo André precisa virar SAF, mas uma SAF moderna. Não lhe serve nem o modelo do São Bernardo e muito menos do Água Santa.
Enquanto o lobo mau prevalece, atrapalhando a transformação, é melhor não errar dentro de campo, reflexo do extracampo.
Enquanto isso, a lojinha vai se manter aberta competitivamente apenas três meses a cada 12 de uma temporada. O restante é pura enganação. Tudo isso atrapalha projetos importantes de virar mais Santo André em Santo André.
Entre dois modelos de futebol bastante competitivos, no caso do Água Santa e do São Bernardo, minha preferência circunstancial na torcida pelo futebol da região é pelo São Bernardo. Uma coisa não exclui a outra.
MODELOS DESCARTÁVEIS
Não morro de amores pelos dois modelos organizacionais, mas sou regionalista tão encardido que não posso contrariar minha essência. Se bem que minha essência maior na região é o Santo André.
Isso não significa que fecho os olhos, os ouvidos e a sensibilidade a outras concepções.
Torço pelo alvinegro da Capital mas me vejo constantemente crítico. Esse time dirigido por um novato, o filho de Zé Maria, é um time que em circunstâncias normais, de competição longa, não vai longe. Em competições de mata-mata, tudo pode acontecer.
O Palmeiras é irresistivelmente o melhor time nacional. É um time de laboratório transposto ao gramado. Joga numa modalidade que poderia ser facilmente decodificada pela inteligência artificial. Aliás, todos os adversários sabem disso.
E o Palmeiras vence a maioria dos jogos da mesma forma. Tem cinco jogadas letais. Transformou Rony, um atacante comum, em craque decisivo.
SUADEIRA VERDE
Exceto se sentir demais a possível ausência de Vitinho, o regulador da equipe, o São Bernardo vai dar muita suadeira ao Palmeiras.
O São Bernardo transforma cada metro quadrado do gramado em centímetros. Morde o tempo todo, esbanja qualidades defensivas e ataca com sabedoria.
Esse Barletta que está indo para o Corinthians é o mais badalado, mas ainda não me convenceu inteiramente. Tem velocidade, finaliza bem, infiltra e bate forte, mas não tem o dinamismo que o futebol moderno exige. Talvez no Corinthians revele-se melhor do que falam. A torcida empurra.
VITINHO, O MELHOR
Quem jogou muito mesmo na temporada até agora foi Vitinho e o volante Rodrigo Souza. Mas o São Bernardo é um time que encanta pelo coletivo. É osso duro de roer. Vai disputar a Série C do Brasileiro com possibilidades de acesso.
Chegar à Série B do Brasileiro é o sonho de todo time que não está na Série B do Brasileiro. Afinal, tem-se aberto amplo portal de receitas extracampo. Ainda mais0 que vem aí uma liga nacional. A exposição midiática é transformadora.
Quanto ao Água Santa, é um time mais leve e mais rápido que o São Bernardo. Melhorou muito na segunda metade da fase classificatória ao incorporar mais transpiração à inspiração já elogiável. O técnico Thiago Carpini parece uma revelação e tanto. O Santo André o descobriu no ano passado.
E o centroavante Bruno Mezenga é letal. Deveria jogar mais próximo da área porque é lento demais. Está mais para Romário em forma de utilização tática do que de Firmino. É centroavante matador com mais habilidade e inteligência que centroavantes matadores semelhantes.
VEJA O SÃOSANTA
Quanto à seleção da região, decidi fazer algumas trocas após a equipe provisória que anunciei na edição de 15 de fevereiro. Mantive o Sãosanta em quase todas as posições.
Tirei o goleiro do Santo André (Lucas Frigeli) e dei a titularidade a Alex Alves do São Bernardo).
Mantive a formação de quatro zagueiros com os mesmos titulares: Ricardo Luz (Santo André), Rodrigo Sam (Água Santa), Rafael Vaz (São Bernardo) e Artur Henrique (São Bernardo).
O meio de campo conta com Rodrigo Souza (São Bernardo), Dudu Vieira (Santo André), Luan (Água Santa) e Vitinho (São Bernardo).
No ataque, troquei o contundido Leo Jabá por Chrystian Barletta (São Bernardo) e mantive Bruno Mezenga (Água Santa).
Esse time é bom porque oferece alternativas interessantes. Quem estaria mais próximo de transformá-lo em realidade seria o São Bernardo. Já tem sete dos 11, além do técnico. O comandante-executivo poderia ser o presidente do Santo André. Celso Luiz de Almeida faz milagres com pouco e como poucos.
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05/03/2024 Risco do Santo André cair é tudo isso mesmo?