Esportes

Sãosanta vai às quartas com
nove titulares. O que esperar?

DANIEL LIMA - 09/03/2023

Sãosanta é a junção de São Bernardo, Santo André e Agua Santa. Da seleção do Grande ABC no principal campeonato estadual do País apenas dois jogadores não disputarão a quartas de final. Os demais nove titulares vestirão a camisa do São Bernardo e do Água Santa, classificados para enfrentar o Palmeiras e o São Paulo.  

O Santo André disparou na primeira metade da competição e depois naufragou. Menos mal que não foi rebaixado.  

Anunciei nas redes sociais que divulgaria a seleção do Grande ABC, o Sãosanta, na edição da última segunda-feira. Esperei um pouco. Estava em dúvida e com pouco tempo.  

Dúvida no sentido de que poderia alterar o sistema tático e também algumas escolhas individuais. Sem tempo porque o dia a dia está corrido para quem faz série de exames clínicos. 

SANTO ANDRÉ SOFRE 

Quando anunciei a decisão de escalar a seleção do Grande ABC, o Santo André estava bem melhor na competição, mas o São Bernardo já era a melhor equipe e contava com cinco titulares. Agora são sete. O Santo André ficou com apenas dois titulares e o Água Santa com outros dois. O técnico (Márcio Zanardi) é do São Bernardo, claro.  

Pode parecer insensato escalar apenas dois jogadores do Água Santa no Sãosanta, quando também são dois os jogadores do Santo André no Sãosanta. É questão puramente seletiva.  

O Água Santa perdeu representante ou representantes nos critérios subjetivos e objetivos de confrontos com jogadores do São Bernardo, equipe de melhor campanha e a sensação da primeira fase.  

NÃO PASSARÃO?  

Antes de anunciar o Sãosanta, vou dar uma rápida passagem sobre as possibilidades de as duas equipes da região passarem de fase. Não passarão. Mas essa não é uma afirmativa retumbante. É apenas reflexo de intuição baseada na diferença de investimentos e de rendimento na fase classificatória.  

O Palmeiras é disparado é melhor time do Brasil neste novo início de temporada. O São Bernardo é espécie de genérico do Palmeiras. Se o jogo fosse no Primeiro de Maio a perspectiva poderia ser diferente. O favoritismo do Palmeiras cairia para 60%. No Alianz Parque, passa dos 80%.  

Já o São Paulo tem exatamente 60% de probabilidades de passar pelo Água Santa. Jogasse em Diadema seria pau a pau.  

BOM APROVEITAMENTO  

As três equipes do Grande ABC terminaram a competição na fase classificatória com 58, 33% de aproveitamento. Disputaram 108 pontos e somaram 63. Bem mais que os 42 pontos da temporada passada. Neste ano, foram 43 gols a favor e 32 contra. 

O Santo André encantou tanto quanto decepcionou nas duas metades da competição. Nos primeiros seis jogos somou 10 dos 18 pontos possíveis. No segundo, não passou de quatro. A arrancada foi fundamental.  

Já escrevi que o Santo André de parcos recursos orçamentários não tem direito de errar numa competição de tiro curto como é a fase classificatória da Série A-1. Errou, dançou. 

COMEÇO ESSENCIAL  

O presidente Celso Luiz de Almeida sabe disso e toma todas as providências cabíveis para surpreender nas primeiras rodadas. Se o tiro sair pela culatra por motivos que fogem do controle lógico de organização previa, como já aconteceu, babau.  

Água Santa e São Bernardo têm muitos mais recursos financeiros para reduzir a margem de risco.  

O São Bernardo é um time de dono, um empresário rico do setor de joias.  

O Água Santa é um time de donos do setor de transporte público.  

O Santo André é um time associativo que vive com o chapéu na mão.  

LOJINHA FECHADA  

Essas discrepâncias não podem continuar. O Santo André precisa virar SAF, mas uma SAF moderna. Não lhe serve nem o modelo do São Bernardo e muito menos do Água Santa.  

Enquanto o lobo mau prevalece, atrapalhando a transformação, é melhor não errar dentro de campo, reflexo do extracampo.  

Enquanto isso, a lojinha vai se manter aberta competitivamente apenas três meses a cada 12 de uma temporada. O restante é pura enganação. Tudo isso atrapalha projetos importantes de virar mais Santo André em Santo André. 

Entre dois modelos de futebol bastante competitivos, no caso do Água Santa e do São Bernardo, minha preferência circunstancial na torcida pelo futebol da região é pelo São Bernardo. Uma coisa não exclui a outra.  

MODELOS DESCARTÁVEIS  

Não morro de amores pelos dois modelos organizacionais, mas sou regionalista tão encardido que não posso contrariar minha essência. Se bem que minha essência maior na região é o Santo André.  

Isso não significa que fecho os olhos, os ouvidos e a sensibilidade a outras concepções.  

Torço pelo alvinegro da Capital mas me vejo constantemente crítico. Esse time dirigido por um novato, o filho de Zé Maria, é um time que em circunstâncias normais, de competição longa, não vai longe. Em competições de mata-mata, tudo pode acontecer.  

O Palmeiras é irresistivelmente o melhor time nacional. É um time de laboratório transposto ao gramado. Joga numa modalidade que poderia ser facilmente decodificada pela inteligência artificial. Aliás, todos os adversários sabem disso.  

E o Palmeiras vence a maioria dos jogos da mesma forma. Tem cinco jogadas letais. Transformou Rony, um atacante comum, em craque decisivo. 

SUADEIRA VERDE  

Exceto se sentir demais a possível ausência de Vitinho, o regulador da equipe, o São Bernardo vai dar muita suadeira ao Palmeiras.  

O São Bernardo transforma cada metro quadrado do gramado em centímetros. Morde o tempo todo, esbanja qualidades defensivas e ataca com sabedoria.  

Esse Barletta que está indo para o Corinthians é o mais badalado, mas ainda não me convenceu inteiramente. Tem velocidade, finaliza bem, infiltra e bate forte, mas não tem o dinamismo que o futebol moderno exige. Talvez no Corinthians revele-se melhor do que falam. A torcida empurra.  

VITINHO, O MELHOR  

Quem jogou muito mesmo na temporada até agora foi Vitinho e o volante Rodrigo Souza. Mas o São Bernardo é um time que encanta pelo coletivo. É osso duro de roer. Vai disputar a Série C do Brasileiro com possibilidades de acesso.  

Chegar à Série B do Brasileiro é o sonho de todo time que não está na Série B do Brasileiro. Afinal, tem-se aberto amplo portal de receitas extracampo.  Ainda mais0 que vem aí uma liga nacional. A exposição midiática é transformadora. 

Quanto ao Água Santa, é um time mais leve e mais rápido que o São Bernardo. Melhorou muito na segunda metade da fase classificatória ao incorporar mais transpiração à inspiração já elogiável. O técnico Thiago Carpini parece uma revelação e tanto. O Santo André o descobriu no ano passado.  

E o centroavante Bruno Mezenga é letal. Deveria jogar mais próximo da área porque é lento demais. Está mais para Romário em forma de utilização tática do que de Firmino. É centroavante matador com mais habilidade e inteligência que centroavantes matadores semelhantes. 

VEJA O SÃOSANTA  

Quanto à seleção da região, decidi fazer algumas trocas após a equipe provisória que anunciei na edição de 15 de fevereiro. Mantive o Sãosanta em quase todas as posições.  

Tirei o goleiro do Santo André (Lucas Frigeli) e dei a titularidade a Alex Alves do São Bernardo).  

Mantive a formação de quatro zagueiros com os mesmos titulares: Ricardo Luz (Santo André), Rodrigo Sam (Água Santa), Rafael Vaz (São Bernardo) e Artur Henrique (São Bernardo).  

O meio de campo conta com Rodrigo Souza (São Bernardo), Dudu Vieira (Santo André), Luan (Água Santa) e Vitinho (São Bernardo).  

No ataque, troquei o contundido Leo Jabá por Chrystian Barletta (São Bernardo) e mantive Bruno Mezenga (Água Santa).  

Esse time é bom porque oferece alternativas interessantes. Quem estaria mais próximo de transformá-lo em realidade seria o São Bernardo. Já tem sete dos 11, além do técnico. O comandante-executivo poderia ser o presidente do Santo André. Celso Luiz de Almeida faz milagres com pouco e como poucos.



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