A Santo André que recepcionou nesta manhã de sexta-feira um encontro da fome de espetacularização da política com a vontade de comer também da política é uma Santo André que multiplica fracassos econômicos.
O convidado de honra dos sete prefeitos que receberam de herança um Grande ABC territorialmente esquartejado em meados do século passado foi o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
Aguardava-se o anúncio da participação de São Paulo como novo integrante da instituição criada em 1990 sob a liderança do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Deu zebra. Mas sobre isso só escreveremos na próxima edição. O Clube dos Prefeitos sob nova direção é tão ruim de serviço que transforma possível avanço em decepção. Coisa de principiantes.
Santo André era mesmo o endereço mais indicado tanto para sediar o Clube dos Prefeitos como para recepcionar o prefeito da Capital. O Clube dos Prefeitos, incensado por oportunistas e aventureiros nos últimos tempos, depois do cataclisma diretivo sob o comando de Paulinho Serra, prefeito de Santo André, simboliza o fracasso da regionalidade. São 34 anos de desperdícios, com alguns intervalos para movimentos construtivistas que duraram fragmentos de tempo de alguns mandatos dos titulares.
MISTIFICAÇÃO DESCARADA
Quem ainda tem a cara de pau interesseira de afirmar que o Clube dos Prefeitos é um símbolo da regionalidade do Grande ABC deveria ser punido em praça pública por traição à comunidade.
O Clube dos Prefeitos é uma mistificação recheadíssima de anomalias que denunciei ao longo dos tempos. Regionalidade de verdade, preto no branco, só existe num único lugar na região. Não preciso lembrar que é aqui mesmo. Qualquer dúvida, recorram ao acervo dessa publicação criada antes mesmo do Clube dos Prefeitos, a revista de papel LivreMercado, antecessora de CapitalSocial.
Mas vamos ao que interessa de fato e que ocupa a manchetíssima desta edição, aí no topo. Santo André é o pior endereço da economia do Grande ABC desde a criação do Clube dos Prefeitos. Num Campeonato Paulista de Criação de Riqueza envolvendo 10 dos principais municípios, Santo André é concorrente mais frágil.
VÔO PANORÂMICO
Na edição de ontem fizemos um voo panorâmico sobre o desempenho do Grande ABC dos 34 anos pós-Clube dos Prefeitos, comparando-o ao da Capital do prefeito Ricardo Nunes. Hoje vamos dar detalhes do fracasso continuado de Santo André.
Nada melhor, portanto, que descrever os embates de Santo André com os principais endereços econômicos do Estado de São Paulo. Vamos comparar o Valor Adicionado de Santo André com todos os concorrentes listados.
Não é perda de tempo reiterar que Valor Adicionado é em resumo o resultado de geração de riqueza em produtos e serviços. É o PIB sem impostos, em linhas gerais. Uma matéria-prima que vira produto final es ganha a forma de riqueza de valores. É disso que se trata.
Acompanhem, portanto, como era a situação de Santo André em 1990, quando Celso Daniel liderou a criação do Clube dos Prefeitos, e mais recentemente, em 2023. Primeiros, aos confrontos. Reparem que Santo André perde para todos os adversários. Mesmo quando ganha de um ou de outro, porque, nesses casos, a diferença entre a superioridade no passado e a superioridade na ponta da comparação é menor:
1) SANTO ANDRÉ X MAUÁ – Em 1990 o Valor Adicionado de Santo André era 66,76% maior que o de Mauá. Em 2023 o Valor Adicionado de Mauá era 3,22% maior que o de Santo André.
2) SANTO ANDRÉ X DIADEMA – Em 1990 o Valor Adicionado de Santo André era 26,14% superior ao de Diadema. Em 2023, o Valor Adicionado de Santo André era 18,66% superior ao de Diadema.
3) SANTO ANDRÉ X SÃO CAETANO – Em 1990, o Valor Adicionado de Santo André era 56,64% maior que o de São Caetano. Em 2023, o Valor Adicionado de São Caetano superou Santo André em 7,07%.
4) SANTO ANDRÉ X SÃO BERNARDO – Em 1990 o Valor Adicionado de São Bernardo era 45,74% superior ao de Santo André. Em 2023, o Valor Adicionado de São Bernardo era 60,68% superior ao de Santo André.
5) SANTO ANDRÉ X SOROCABA – Em 1990, o Valor Adicionado de Santo André era 46,27% superior ao de Sorocaba. Em 2023, o Valor Adicionado de Sorocaba era 43,26% superior ao de Santo André.
6) SANTO ANDRÉ X CAMPINAS – Em 1999 o Valor Adicionado de Campinas era 1,75% superior ao de Santo André. Em 2023, o Valor Adicionado de Campinas era 54,04% maior que o de Santo André.
7) SANTO ANDRÉ X SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – EM 1990, O Valor Adicionado de São José dos Campos era 6,10% maior que o de Santo André. Em 2023, o Valor Adicionado de São José dos Campos era 60,10% maior que o de Santo André.
8) SANTO ANDRÉ X BARUERI – Em 1990 o Valor Adicionado de Santo André era 48,85% maior que o de Barueri. Em 2023 o Valor Adicionado de Barueri era 50,27% maior que o de Santo André.
9) SANTO ANDRÉ X OSASCO – Em 1990 o Valor Adicionado de Santo André era 40,86% maior que o de Osasco. Em 2023 o Valor Adicionado de Santo André era 9,80% superior ao de Osasco.
10) SANTO ANDRÉ X SÃO PAULO – Em 1990 o Valor Adicionado de São Paulo era 914,70% superior ao de Santo André. Em 2023, o Valor Adicionado de São Paulo era 931,00% superior ao de Santo André.
DUAS EXCEÇÕES
Apenas dois dos 10 confrontos revelados acima apresentam superioridade de Santo André ao fim de 34 anos de comparação do Valor Adicionado, ou seja, entre 1990 e 2023. E mesmo assim nos dois casos, de Diadema e de Osasco, Santo André sofreu reveses, porque a vantagem foi reduzida no período.
Em 1990, Santo André apresentou saldo negativo de 682,77% na disputa com as 10 cidades listadas. Esse percentual se refere ao balanço dos resultados percentuais individuais daquela temporada, duramente influenciados pela grandiosidade da Capital do Estado. Dos 682,77% negativos acumulados nas 10 disputas, nada menos que 914,70% foram contaminados pelo domínio da cidade de São Paulo. Sem São Paulo, Santo André teria saldo positivo em 1990.
Já a situação na ponta da classificação, em 2023, é inteiramente diferente. No total, a desvantagem de Santo André nos 10 confrontos subiu para 1.187,18%, dos quais 937,00% sob influência da Capital. A vantagem diante de Diadema foi reduzida de 26,14% para 18,66% e a vantagem diante de Osasco caiu de 40,86% para 9,80%.
Nos demais confrontos, Santo André sofreu alargamento do poço de geração de riqueza em produtos e serviços. A desvantagem geral de 682,64% na largada de 1990, quando da criação do Clube dos Prefeitos, subiu para 1.187,18% na chegada de 2023. Sem São Paulo na disputa, Santo André contabilizou em 2023 saldo negativo de 250,18%. Ou seja: o saldo percentual positivo de 1990 de 285,52% virou saldo negativo de 250,18% em 2023. Portanto, foram derrotas individuais que no conjunto da obra, sem São Paulo na contagem, significou perda total de 535,70%. Trocando em miúdos: de saldo positivo de 285,42 pontos na largada do Clube dos Prefeitos, Santo André passou para saldo negativo de 535,70% 34 anos depois.
MAIS FRÁGIL
Os dados estatísticos não deixam dúvida sobre o empobrecimento de Santo André, sempre na comparação proposta nesse novo estudo de CapitalSocial. A participação relativa da cidade no Valor Adicionado do Estado de São Paulo desde a criação do Clube dos Prefeitos caiu de 2,40% para 1,08%. Os demais municípios do Grande ABC também perderam, exceto a São Caetano, como provam os números. São Bernardo desceu de 4,41% para 2,75%; São Caetano subiu de 1,04% para 1,16%, Diadema caiu de 1,77% para 0,80% e Mauá de 1,67% para 1,19%.
Em termos de participação regional, interna, o Valor Adicionado de Santo André caiu de 20,67% para 15,05%, São Bernardo caiu de 38,08% para 38,26%, São Caetano subiu de 10,38% para 16,19%, Diadema caiu de 15,26% para 12,24% e Mauá subiu de 14,47% para 15,55%.
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