Sociedade

PAULINHO, PAULINHO,
ESQUEÇA ESSE LIVRO!

DANIEL LIMA - 21/01/2025

O prefeito Paulinho Serra de barba rala e queimado de sol usou as redes sociais ontem para dizer ao povo de Santo André que vai escrever um livro. E que voltará a dar aulas. De aulas jamais ouvi falar, mas de livro, suponho que seja sobre os oito anos de Prefeitura. Paulinho Serra não teria outra inspiração. Paulinho Serra segue prefeito porque o prefeito eleito assim o quer. Gilvan Júnior é uma réplica inexperiente de Paulinho Serra. A todo instante reboca o prefeito que saiu como se prefeito fosse. O que muitos dizem que é de fato.  

Gilvan Júnior não completa uma frase sem mencionar o mentor, ou o suposto mentor.  Está na mesma situação de um passado distante em que Rivelino, o maior craque do Corinthians, recorria ao pai Nicola para ter o aval a todas as respostas. Virou, por isso mesmo, uma anedota. Hoje seria uma profusão de memes.

Paulinho Serra escritor seria o fim da picada para a classe dos escritores. Paulinho Serra não tem talento algum para escrever. E muito menos razões sólidas para escrever. É verdade que melhorou bastante na oratória, nos discursos, embora não se desprenda de entonação, frases, contra frases e o diabo dos políticos mais antigos. É um politico velho, embora jovem.

MELHORA EM OITO ANOS

Mas Paulinho Serra, a bem da verdade, é bem melhor que o sucessor, ruim demais nos pronunciamentos. Deverá melhorar, até porque piorar seria impossível. Paulinho Serra também era sofrível no primeiro mandato. O espantoso em Gilvan Júnior é que  transmite a sensação de que está sempre num velório. Fala com a loquacidade emocional de uma tartaruga diante do perigo.  O tom monocórdio o coloca facilmente como substituto de qualquer sonífero.

Paulinho Serra é muito pretensioso ao anunciar que vai escrever um livro. Que o seja, porque a vida é dos audaciosos. Que muitas vezes não passam de patéticos. Paulinho Serra só não deve esperar silêncio ou desinteresse de quem tem independência à verificação profissional dos fatos.

Agente público está sujeito ao escrutínio crítico. A quase unanimidade da mídia seguiu seus oito anos de mandatos como se tivéssemos uma divindade no Paço Municipal.  A realidade, como se sabe, é inteiramente outra. Tivemos um prefeito medíocre. Santo André caiu pelas tabelas nos mais diferentes e respeitáveis indicadores. Casos dos antecessores desde a morte de Celso Daniel.  Brilhou nos efeitos especiais de premiações sem lastro e, agora com mérito relativo, numa zeladoria regada de varejismos. 

PALCO APROPRIADO

Provavelmente teremos de Paulinho Serra um texto relatorial  em formato de livro. Ou então o prefeito vai contratar alguém com algum talento e suscetível à sofismar. Gente desse tipo existe aos borbotões na praça. Jamais aceitaria tutela para biografar os oito anos de Paulinho Serra. Minha espinha dorsal ética não o permitiria. Não tenho vocação para repetir Geraldo Alckmin, Reinaldo Azevedo e tantos outros de versos e reversos escandalosos. Deus há de me proteger. Como sempre protege.

O livro que Paulinho Serra lançaria na praça para dizer que é bambambam é o suprassumo da decadência da sociedade servil e desorganizada de Santo André. Um palco apropriadíssimo.

Não vou entrar em detalhes sobre o desastre da gestão de Paulinho Serra como proclamado precursor de novos tempos de Santo André e quem sabe da região, como Celso Daniel o fora de fato.

COMPARAÇÃO IMBECIL

Aliás, perdão pelo pecado que acabei de cometer. Meter Celso Daniel num mesmo texto de competência avocado por Paulinho Serra é um crime. Só o fiz porque fui traído pelo reflexo condicionado nesta segunda-feira à noite, quando me lancei a escrever este texto, data do 23º aniversário da morte do maior prefeito regional do Grande ABC.

Paulinho Serra sofre da síndrome de Celso Daniel. Durante todo o mandato foi orientado por marqueteiro sem noção do quanto se tornou ridículo ao procurar adaptar o desempenho do prefeito tucano aos conceitos do petista Celso Daniel. E o fez em muitos casos como exemplar supremo de cópia ordinária.

Nem com todos os cenários facilitadores à empreitada de enganar o distinto público, Paulinho Serra soletrou o manual da exuberância de Celso Daniel. Como não o conseguiu já nos primeiros anos e se viu perdido na ânsia de um casamento de corpo e alma impossível, passou a desfilar, nas entrelinhas e também fora das entrelinhas, os equívocos de Celso Daniel. A emenda ficou pior que o soneto.

TRATO PROPOSTO

Sugiro ao prefeito Paulinho Serra que olhe para este jornalista e tenha a humildade de aceitar uma proposta. Para que não passe vergonha pública, faço um trato em caráter indevassável: passe a mim cópias do livro aludido e prometo que farei com prazer a função de ombudsman associada a copidesque. Ombudsman faria de cada parágrafo o princípio de uma avaliação de cada trecho e por consequência de cada artigo. Copidesque no sentido claro de dar uma arrumadinha gramatical no material. Copidesque bom não é aquele que pega todos os erros, mas  quem sabe distinguir o que é realidade e o que é fake news em formato de verdade que a mídia compra com facilidade.

Lembro que Paulinho Serra insistiu para que este jornalista fosse seu conselheiro especial. Ele me convidou três vezes durante o encontro que mantivemos no gabinete do Paço Municipal. Estive lá para produzir uma matéria. Fora a terceira ou quarta vez que estive naquele local com o prefeito de Santo André.

Não respondi pessoalmente ao prefeito. Pensei longamente sobre ser ou não conselheiro especial dele. Acho que fui indelicado ao não lhe responder pessoalmente naquele dia ou mesmo depois. Respondi nesta publicação. Uma molecada. Não  é de meu feitio deixar para depois o que poderia ter feito pessoalmente.

MUITA INDELICADEZA

Agradeço a Paulinho Serra pela lucidez de me chamar para o cargo de conselheiro especial. Sei lá o que se passava na cabeça dele quando fez a proposta, mas, de qualquer forma, fiquei envaidecido. Nenhum outro prefeito fez algo semelhante. Acho que assusto quem não me conhece. Tudo que trataria com qualquer prefeito seria transparente, previamente transparente. Visto a camisa do Grande ABC sem qualquer tipo de vaidade. A missão não seria fácil, por isso exigiria liberdade para trabalhar. Não aceitaria, jamais, que se publicassem manipulações de qualquer espécie sob minha jurisdição. Chega os erros que cometemos involuntariamente.

Sei lá qual seria o título de Paulinho Serra adotaria como escritor de meia pataca para o livro anunciado. Espero que, assim como o fez com Celso Daniel, não o faça tendo este jornalista como inspiração. Ficaria emputecido, acredite.

Complexo de Gata Borralheira, República Republiqueta, Na Cova dos Leões e Meias-Verdades ganharam formato físico. Tenho outros 15 livros potenciais esperando na fila, mas o mercado editorial na região é uma lástima. Vender a alma para ter qualquer obra publicada não está no meu roteiro de vida. Por isso, o material está todo neste acervo, de forma pouco organizada microtematicamente falando.

RANKING PREPARADO 

Só antecipo que Paulinho Serra precisa cuidar mais do que pretende fazer como escritor das próprias obras. Se não me chamar para colaborar, vou fazer curadoria pública. Vou pegar o livro pelo colarinho da exigência e agirei como copidesque e ombudsman público. Mais que isso: vou adotar os critérios do Ranking de Mentiras e Meias-Verdades, que lancei recentemente e cuja primeira edição será divulgada no começo de fevereiro. Ou seja: vamos contabilizar todas as mentiras e todas as meias-verdades, atribuindo pontos a cada irregularidade.

Por isso, caro prefeito, cuidado com o autoendeusamento. Não é por nada não, mas o que me leva a isso é simples: Santo André e o Grande ABC como um todo carecem de bons exemplos práticos para uma motivação geral e irrestrita rumo ao complemento dessa década com cores menos sombrias. O que o caro prefeito faria seria o esticamento de um processo destrutivo da realidade dos fatos. Como o fez em muitas situações à frente da Prefeitura de Santo André.

Para que não me chamem de autoritário: a sugestão para Paulinho Serra não escrever o que prometeu não deve ser interpretada senão mesmo como sugestão. Não há viés de autoritarismo nisso. Mais que isso: tenho um interesse evidente nessa proposta. Que interesse? Não precisar realizar o trabalho de ombudsman redundante. Ombudsman redundante é repetir  a função corretiva realizada durante os dois mandatos. Paulinho Serra deveria se dedicar mais à presidência estadual do moribundo PSDB. Se bem que isso não vale lá essas coisas.  



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