Política

Quem daria mais votos:
Sardano ou Eduardo Leite?

DANIEL LIMA - 10/04/2024

Já não parece haver dúvida de que a disputa eleitoral em Santo André vai ser mesmo uma botafogada em forma de segundo turno jamais imaginado, tantas eram as facilidades e as acomodações para o candidato do Paço Municipal ganhar de lavada no primeiro turno.

E disso decorre a seguinte pergunta: quem tem mais peso num eventual segundo turno, entre os vereadores também candidatos já anunciados, casos do Coronel Sardano e de Eduardo Leite. Quem vale mais como apoio aos finalistas, considerando-se que nenhum dos dois chegaria lá?

O lobby favorável a Eduardo Leite é maior,  inclusive agora com especulações de que poderia compor a chapa situacionista. Aliás, essa configuração vem de longe. Eduardo Leite estava na relação do Grupo dos Nove Privilegiados do Paço Municipal, que virou um banzé dos diabos. Tanto que o próprio Eduardo Leite se escafedeu da turma. Parece arrependido ao se tornar a quarta opção do eleitorado. Sardano seria a quinta.

UM E OUTRO

O Coronel Sardano, que atuou na Secretaria Municipal de Segurança Pública, é mais comedido e menos paparicado pela mídia.

A imagem de Eduardo Leite seria mais palatável a uma diversidade difusa de eleitores, a maioria concentrada no Segundo Subdistrito, do outro lado da linha do trem.  

Coronel Sardano, de tradicional família assistencialista no sentido mais valorizado do termo, concentra prestígio maior nos bairros mais tradicionais de Santo André. Do lado de cá da linha do trem.  

Traduzindo a equação em termos geopolíticos e geoeconômicos: Eduardo Leite (o pai foi vereador de longas jornadas) tem os votos mais concentrados nos locais mais próximos de onde costuma frequentar. Gente de classe média baixa. Sardano teria um raio de votação mais conservador e de classe social superior, do Bairro Jardim e vizinhanças.

ESPERANDO BRECHA?

Como não dar importância aos dois candidatos se os dois candidatos juntamente com o candidato ou candidata do PT vão provavelmente contribuir para levar a disputa ao segundo turno que, teoricamente, teria o secretário de Saúde Gilvan Junior, simplesmente uma incógnita em termo de desempenho, e o vice-prefeito dissidente Luiz Zacarias?

Quem teria mais interesse em arrumar uma brecha na chapa situacionista é mesmo Eduardo Leite. Dia sim, dia sim também, sempre pipoca na mídia digital, e mesmo na de papel, alguma coisa nesse sentido. Eduardo Leite é um puxadinho político-eleitoral das mesmas forças que estão com o Paço Municipal. Em todas as entrevistas, inclusive na insossa a esta publicação, expressa personalidade subordinada a condicionalidades em cada parágrafo.

Eduardo Leite sempre esteve e continua a estar afinado com os poderes do Paço Municipal. De temperamento alckimista, por assim dizer, Eduardo Leite não costuma ser observado e apontado como alguém discordante de qualquer ideia posta, seja qual for a ideia posta, confunda-se ou não foneticamente com a ideia posta.

Em ambientes corporativos privados mais atentos a alterações de trajetos provocados pela concorrência, Eduardo Leite certamente seria atropelado. Na política, um outro mundo, onde valem  laços consanguíneos de simpatias e o dinheiro público permite flexibilidades interpretativas de uso, por assim dizer, Eduardo Leite teria um forte impulso como Executivo.   

MAIS PREPARADO

Coronel Sardano não é de incidir ostensivamente no uso de contrapontos fortes, mas é mais convicto em expor ideias sem ferir vaidades de terceiros. É afável nas relações humanas. O estereótipo de militar linha dura não lhe cabe. Tudo isso não significa que deixe passar batido algo com o qual não concorda, perfil de Eduardo Leite.

Se tivesse o poder de decidir o perfil mais adequado entre os dois para comandar a Santo André do enfático, assertivo,  ilusionista e marqueteiro Paulinho Serra, não teria dúvida em indicar o Coronel Sardano.

Santo André precisaria nessas alturas do campeonato de um comandante disciplinador, sério, com lastro de autoridade de fato e com sensibilidade social. Tudo isso o Coronel Sardano tem. Como ninguém é suprassumo, provavelmente saberia escalar um time competitivo, que o completaria.

TEMPERAMENTO

Eduardo Leite faz parte de um modelo que não me agrada como jornalista. É mais do mesmo, embora seja aparentemente bom moço. Aliás, o que mais ouço quando se trata de Eduardo Leite é a qualificação de “bom moço”. Tenho medo desse tipo de personalidade.

Talvez seja preconceito, mas a vida me ensinou que os amenos são por natureza menos transformadores, embora em qualquer ambiente os amenos sejam indispensáveis em combinação com outros temperamentos.

É de temperamento que falo. Caráter é outra história e só comporta duas divisões: bom ou mau. Para um ameno comandar com brilho qualquer corporação ou instituição é preciso talento reconhecidíssimo e assessoria de primeira linha. Preferencialmente de gente que seja seu contraponto.

LIMPEZA ADMNISTRATIVA

Principalmente nos tempos em que comandava a revista LivreMercado, criada em março de 1990 para revolucionar o jeito de fazer jornalismo na região,  sempre contei com colaboradores próximos que fossem diversos de mim.

Tenho temperamento forte porque entendo que a vida é uma só e não permite reprises a oportunidades perdidas. Nos últimos anos de LivreMercado meu parceiro indispensável era Maurício Milani, um jornalista de temperamento brando e fina inteligência. Bastava olhar para ele que minha temperatura emocional se equilibrava. Quem não conhece o dia a dia de uma redação jamais vai compreender a similaridade com um hospício.

Voltando ao que interessa, Eduardo Leite seria um Paulinho Serra mais educado, mais fino, mas não tem a bagagem de oito anos do prefeito de Santo André para se afirmar categoricamente que seria melhor que o titular do Paço Municipal. O Coronel Sardano seria. Sem dúvida.

A começar porque faria uma limpeza ética na Administração de uma cidade que está longe de ser exemplo de cuidados com o dinheiro público. Quanto aos números fiscais finais da gestão de Paulinho Serra apontarem  planilhas oficiais, como apontaram nos primeiros cinco anos, os contribuintes vão ver o tamanho do prejuízo combinado de mais impostos e menos Desenvolvimento Econômico.

CADA UM NA SUA

Vejam que não estou enveredando ainda pelos caminhos que poderiam ser percorridos pelo grupo que se junta a Luiz Zacarias. Não pretendo avançar o sinal. É preciso, antes de tudo, conhecer mais de perto cada um. E, mais que isso, a suposta distribuição de cargos ante  vitória eleitoral.

O próprio candidato Luiz Zacarias, desafeto do prefeito Paulinho Serra, exige cuidados na avaliação porque é egresso de um governo municipal recheadíssimo de marketing vazio. Somente quando ouvir suas ideias e planos estarei em condições de construir ou começar a construir avaliações.

Sei que não parece nada simpático a determinadas pessoas expressar sentimentos, observações e tudo o mais sobre terceiros, mas a função social que exerço me obriga a tanto como missão sagrada. Já escrevi sobre isso. Quem quiser conhecer Daniel José de Lima, pessoa física que não se incomoda com ninguém, paizão de quatro filhos e duas cachorras, basta tomar um chá comigo.

O Daniel Lima está em quase nove mil análises desta publicação. Se fosse padre ou pastor, estaria na igreja. Se fosse centroavante, quereria jogar no meu time do coração. Se fosse piloto, estaria em algum céu do mundo.



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