Decidimos incorporar numa mesma edição três das quase duas dezenas de perguntas enviadas ao empresário do mercado imobiliário Milton Bigucci e as respectivas respostas que, como se sabe, não são dele, mas deste jornalista. Conforme o combinado com os leitores, ao não responder às indagações deste projeto de Entrevista Especial, Milton Bigucci e qualquer outro integrante da tarefa jornalística estará sujeito ao escrutínio deste jornalista. É assim que tem de ser a vida em comunidade com gente que de alguma forma participa dos destinos da região.
Se Milton Bigucci fugiu das questões que lhe foram enviadas, então que arque com as consequências. Depois de três perguntas individualizadas respondidas em edições anteriores, desta feita partimos para três de uma vez só.
CAPITALSOCIAL – A construção do trecho sul do Rodoanel, que abrange a região, acelerou o processo de desindustrialização. O senhor teme que o Sistema BRT provocará efeitos ruinosos no campo de consumo, porque aproximará ainda mais a região da Capital?
RESPOSTA – É claro que a entidade (Acigabc, ou Clube dos Construtores), sobre a qual o empresário Milton Bigucci mantém controle, jamais se pronunciou a respeito do BRT. Nada diferente do que também não fizera em relação ao trecho sul do Rodoanel. Ou seja: quem pretender encontrar na prática algo substancioso do dirigente Milton Bigucci que tenha interesse municipal ou regional e igualmente fora do clubinho fechado que ele criou e comanda direta e indiretamente desde sempre, quem pretender isso vai quebrar a cara da expectativa. O que está calcificado pelo tempo de inoperância é o que se poderia chamar de completo desleixo. O estatuto da Associação dirigida por Milton Bigucci é uma farsa na prática de alheamento dos temas regionais.
CAPITALSOCIAL – Se, numa formulação retórica, o IBGE fraudasse o resultado do PIB do ano passado, atribuindo resultados muito além do efetivamente constatados, qual seria a reação do senhor como dirigente empresarial e empresário?
RESPOSTA – Milton Bigucci não teria mesmo como se sair satisfatoriamente bem caso respondesse ao questionamento. Afinal, à frente do Clube dos Construtores ele cansou de usar e abusar da confiança dos consumidores de informação, além dos compradores de habitações. Durante todo o tempo, conforme provamos, Milton Bigucci fez uso de dados fraudulentos, fabricados na própria entidade que dirige, para anabolizar números do mercado imobiliário da região. Milton Bigucci deixava na gaveta os dados oficiais do Secovi, a entidade-mãe do mercado imobiliário, e se utilizava de criatividade e ilusionismo para divulgar números incompatíveis com a realidade.
CAPITALSOCIAL – O senhor sempre considerou, em linhas gerais, que a atividade habitacional faz parte da cesta básica de cidadania. Não é a expressão que o senhor utiliza, mas o sentido é o mesmo. Levando-se isso em conta, entende que por isso mesmo deveria receber atenção especial de instituições que zelam pelos consumidores? O Código de Defesa do Consumidor é suficiente ou algo mais estrutural e, portanto, transformador, seria uma boa ideia?
RESPOSTA – Falar de Código de Defesa do Consumidor para Milton Bigucci talvez tenha o mesmo sentido que levar à casa de um enforcado algo que lembre uma corda. A empresa de Milton Bigucci já foi considerada campeã de reclamações pelo Ministério Público do Consumidor de São Bernardo, num ranking há muito não atualizado. Fosse mesmo dirigente com responsabilidade social no sentido mais amplo possível, seria compulsória a iniciativa de implantar no Clube dos Construtores um departamento voltado diretamente ao atendimento da clientela de todas as companhias. Proteger o consumidor com um código próprio, específico, fruto da experiência dos próprios empresários, seria um gesto de comprometimento com a sociedade. É sonhar demais que a proposta ganhe tração diante do histórico de negligência da entidade e das corporações empresariais assemelhadas à MBigucci.
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10/05/2024 Todas as respostas de Carlos Ferreira