Com essa nova edição, chegamos a 16 respostas às perguntas que fizemos ao prefeito Paulinho Serra. Como fugiu da raia, movimento padrão de quem se sente incomodado com questões que se distanciam da prática de relações públicas de parte da mídia regional, nada melhor que ocupar cada espaço em branco deixado pelo titular do Paço de Santo André.
CapitalSocial -- Não existe nenhum entre os maiores municípios do Estado de São Paulo que exiba um Polo Tecnológico planejado nos gabinetes públicos responsável pelo crescimento diferenciado, ou seja, que explique o sucesso de desenvolvimento econômico. O senhor herdou uma proposta de uma unidade desse tipo. Acredita que um polo tecnológico solteiro, ou seja, sem entranhamento com importantes representações empresariais, mudará a história?
Paulinho Serra –
CapitalSocial – O que a Prefeitura de Santo André oferece em resposta à demanda histórica do Grande ABC por polo tecnológico de verdade é um polo tecnológico virtual. Mas a utilização do polo tecnológico como manobra político-administrativa chega à desfaçatez de levar aos contribuintes a falsa ideia de que se trata de uma obra física e em plena operação. Não bastasse a virtualidade tratada como materialidade, a disputa para sediar um centro supostamente sistêmico de aproximação, coordenação e amplificação do tecido econômico de Santo André está longe de se configurar planejada. Qual seria a nova vocação de uma Santo André órfã da desindustrialização? Paulinho Serra não tem traquejo intelectual e tampouco suporte de assessores que encaminhem a Administração a algo seguro quando o futuro é a meta desafiadora.
CapitalSocial -- Está em alguma gaveta do Clube dos Prefeitos, que o senhor preside, uma proposta de aeroporto regional no Grande ABC. Há negligência no tratamento da iniciativa ou o senhor reprova a viabilidade do projeto?
Paulinho Serra –
CapitalSocial – Uma das almas mais complexas da Administração de Paulinho Serra foi apeada do Clube dos Prefeitos e agora perambula pelos escaninhos do Paço Municipal. Ex-secretário-executivo do Clube dos Prefeitos, entre muitos cargos que já ocupou no setor público, o engenheiro Edgard Brandão não soube o que fazer com a bobagem do aeroporto regional que surgiu como reforço de desenvolvimento econômico do Grande ABC. Brandão ficou na corda bamba da credibilidade em pane porque, como superintendente da Infraero em São Paulo, indicado pelos tentáculos políticos do então presidente Michel Temer, descartou a viabilidade do projeto nos termos apresentados pelo governo petista de Luiz Marinho, em São Bernardo. Mais tarde, no Clube dos Prefeitos, com os acadêmicos românticos da USCS, Universidade Municipal de São Caetano, a reformular a proposta, Edgard Brandão adiou a definição que segue no limbo. Aeroporto no Grande ABC, mesmo de pequeno porte, é ensaio à insanidade econômica, financeira, ambiental e logística. Um aeroporto internacional, inicialmente anunciado, é a cegueira gerencial elevada à enésima potência.
CapitalSocial -- O senhor saberia dizer à população de Santo André qual é o PIB Industrial da cidade, quais as atividades econômicas mais representativas em participação relativa e aquelas cada vez menos importantes, porque sofreram e sofrem os efeitos da desindustrialização?
Paulinho Serra –
CapitalSocial – É possível que, mesmo que decidisse responder às questões formuladas, Paulinho Serra estaria imerso numa enrascada. O desconhecimento do que se passa na economia de Santo André e da região como um todo é sintomático, reflexo da inapetência em buscar soluções de curto, médio e longo prazo para um dos municípios que mais se empobreceram nas últimas décadas.
CapitalSocial -- O senhor perfila-se entre aqueles que dizem que a desindustrialização é assunto do passado já superado ou entende que segue insidiosa?
Paulinho Serra –
CapitalSocial – Quem encontrar em mecanismos de busca tecnológica algo que coloque Paulinho Serra como autor de frase que trate de desindustrialização de Santo André e respectivos cuidados para reduzir os danos decorrentes da situação ganhará um prêmio especial. Como a quase totalidade dos prefeitos da região ao longo de décadas, para Paulinho Serra desindustrialização é verbete maldito. Foge-se dessa realidade assim como os políticos em geral de transparência das contas públicas.
CapitalSocial -- O senhor conta nas redes sociais com um grupo de milicianos digitais, gente de agressividade e ferocidade ante todos aqueles que fazem algum tipo de reparo à sua administração. Há informações de que todos ou parte deles estão localizados no próprio Paço Municipal. Seriam comissionados contratados pela sua administração. O senhor considera importante contar com esse batalhão de choque?
Paulinho Serra –
CapitalSocial – Não há nada mais pernicioso na Administração Municipal de Santo André do que o grupinho orquestrado para defender o prefeito a qualquer custo, nas redes sociais. Alguns comissionados, pagos pelos contribuintes, extrapolam os limites da civilidade com frequência estonteante. São milicianos digitais que engrossam ainda mais a percepção de que o prefeito é avesso a qualquer tipo de cobrança da sociedade. São esses batedores de carteira da moralidade e da ética o pior tipo de representantes das redes sociais. Trocam argumentos por ofensas. Substituem racionalidade por fundamentalismo. Atacam honras às cegas. São o mais genuíno modelo de banditismo digital.
CapitalSocial -- Santo André está entre os piores endereços de letalidade do Coronavírus. Os números relativos, recomendados à análise pela ONU, superam largamente a maioria das grandes cidades e, principalmente, de países. O senhor tem postado nas redes sociais que Santo André é um sucesso de combate ao vírus chinês. Estão equivocadas as estatísticas ou o assessoramento com que o senhor conta perdeu o rumo?
Paulinho Serra –
CapitalSocial – A gestão da pandemia em Santo André não foge do enredo regional de incapacidade de reduzir a proporção de mortes em relação à população, métrica mais adequada a esse tipo de problema. O Grande ABC é um dos piores endereços de letalidade do Coronavírus no mundo. É emblemática a comparação de que perde até mesmo para o pobre distrito de Sapopemba, na Capital. Apesar da montagem de estrutura propagandística de sucesso de combate ao vírus geograficamente chinês, a Prefeitura de Santo André transborda erros na tentativa de enfrentamento mais compatível com os níveis de infraestrutura física e administrativa na área de saúde. A desativação do hospital de campanha no Estádio Bruno Daniel antes da chegada da segunda onda foi apressada, como em outros municípios que lançaram mão de reforço das bases de atendimento. Além de tudo isso, falta transparência nos gastos. Fosse em grande escala menos condescendente com a gestão de Paulinho Serra, a imprensa regional poderia escarafunchar os erros cometidos como um dos ramais de fracasso consumado.
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10/05/2024 Todas as respostas de Carlos Ferreira