Salário médio em Santo André
é um dos piores da metrópole

Desconfie e conteste, nessa ordem, quando ouvir quem quer que seja, principalmente o prefeito Paulinho Serra. Embora ele tenha apenas parte de culpa no cartório de rebaixamento contínuo de riqueza em Santo André, fosse previdente, realista e reformista, a empreitada de recuperação já teria começado.
O salário médio dos trabalhadores com carteira assinada em Santo André é um dos piores entre os grandes municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Essa comparação é pertinente porque envolve entre outros pontos o critério de competitividade.
Vou explicar mais abaixo a metodologia que utilizei para chegar a essa conclusão (a conclusão de que Santo André é um pangaré na corrida por bons empregos formais). Antes, uma explicação: toda vez que vejo o chefe do Executivo Municipal utilizando a economia de forma indevida, agressivamente abusiva, me manifesto nas listas de transmissão de um aplicativo das redes sociais. Aliás, ambiente em que Paulinho Serra conta com asseclas fundamentalistas.
G-9 do G-22
Peguei os dados oficiais da RAIS (Relação Anual de Informação Social) do Ministério do Trabalho de dezembro do ano passado. Os dados acabaram de sair do forno federal. Os resultados desta temporada de pandemia, portanto, não entram na conta. E quando entrarem, ano que vem, precisam ser relativizados.
Há vários anos, sabem os leitores mais frequentes, criei o G-22, o Clube dos 20 Maiores Municípios do Estado de São Paulo. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra entram para completar o time do Grande ABC, mas não servem de referências a comparações.
Do G-22 já conhecido, filtrei os nove municípios que estão no mapa da Região Metropolitana de São Paulo. Então o que temos é o G-9 do G-22.
Comendo poeira
O filtro é explicado levando-se em conta que a metrópole paulista é um território em convulsão. Há muito os chamados especialistas argumentam que não é um ambiente apropriado a novos investimentos produtivos. Entretanto, não é o que se observa. Mas isso é outra história.
Pois é nesse grupo que constatei o quanto Santo André tem muito a melhorar para reduzir a distância dos municípios mais dinâmicos economicamente. Ou alguém tem dúvida de que o assalariamento médio denuncia o grau de conteúdo competitivo de um determinado endereço? Quando se fatia esse assalariamento por atividade econômica, então, ilumina-se ainda mais o ambiente.
De imediato, passo o ranking com o assalariamento médio dos nove endereços da Grande São Paulo. Não custa lembrar que a Capital do Estado não participa deste jogo e tampouco do G-22. São Paulo é tão escandalosamente pujante que distorceria muitos dados.
Também não custa lembrar que o G-22 abarca série de indicadores e vai muito além do mercado de trabalho. Mas hoje ficaremos com o salário médio. Vejo a ordem classificatória:
Barueri – R$ 4.353.77.
São Bernardo – R$ 3.839,57.
Osasco – R$ 3.530,46.
Guarulhos – R$ 3.363,97
São Caetano – R$ 3.345, 59
Diadema – R$ 3.329,87.
Mauá – R$ 3.102,81.
Santo André – R$ 3.001,52.
Mogi das Cruzes – R$ 2.750,62
Parceiros melhores
A viuvez industrial e o descaso na busca de reposição senão à altura, mas pelo menos próxima a atividade que mais gera riqueza, colocaram Santo André em situação que se agrava a cada temporada.
Apenas 12,27% dos 214.217 empregos formais em Santo André estão no setor industrial. A indústria que restou pagava em dezembro de 2019 salário médio de R$ 4.102,67. Barueri e Osasco também têm baixa participação industrial no emprego formal: 9,44% e 9,84%.
Santo André, Barueri e Osasco são, desse improvisado G-9, os endereços menos densamente ocupados por trabalhadores industriais. O que os distingue é, como se viu, o salário médio geral: os R$ 3.000,52 de Santo André são 15% inferiores ao de Osasco e 31% abaixo ao de Barueri.
O setor de serviços de Santo André paga bem menos que Barueri e Osasco. Em Santo André são em média, valores de dezembro do ano passado, R$ 2.835,85. Em Barueri são R$ 4.304,53, e em Osasco, R$ 4.000,38.
Prefeito imprevidente
Um prefeito previdente, que não se configura na atuação de quatro anos de Paulinho Serra, já teria tomado providências em forma de estudos e ações para identificar, reorganizar e usufruir de medidas potencializadoras das atividades de serviços. É claro que os resultados não mudam do dia para a noite, mas acaba por mudar num processo que deveria ter sido anunciado.
O perfil da atividade de serviços de Santo André (como de resto do Grande ABC) é desconhecido. Só existe a certeza de que é de baixo valor agregado.
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